Ao escrever e reescrever várias vezes muitas linhas sobre “ser professor”, estou começando nesta nova caminhada em minha vida.
Lembro a minha infância, mesmo antes de entrar para escola, quando fazia meus desenhos e ensaiava algumas letras nas paredes de casa, na calçada, tudo era novidade e logo saía mostrando para minha mãe que, à tardinha, chegava de seu trabalho. Além de mãe, era professora na Escola Marquês do Alegrete, de 1ª a 5ª séries, onde mais tarde eu aprendi a ler e a escrever as primeiras palavras com a minha querida professora, Dona Francisca. Agora escrevendo, fico lembrando de minha mãe, professora desta escola e dos demais professores(as).
Para mim, tudo começa aqui, já na minha vida de estudante, sempre fui à escola, era um aluno “normal”, as matérias que gostava de estudar, eu estudava mais e com mais motivação do que as demais, as outras, eu deixava para estudar nas últimas horas, no limite. Sempre gostei da leitura de livros e de revistas técnicas (agropecuárias), pois sempre passava as férias na estância onde meu tio Ari trabalhava, também sempre gostei de esporte e participava muito na escola, foi por este motivo que vim estudar aqui na Escola Agrícola, no ano de 1977.
Neste momento de minha vida, eu perdi uma grande oportunidade profissional. Hoje eu seria servidor da escola, mas como guri não sabe bem o que quer na vida, na época, fui acompanhar um irmão que havia passado no concurso do Banco do Brasil, na cidade de Altamira, no interior do Pará, lá percorria uns sete quilômetros na Transamazônica, à noite, para continuar estudando.
Passaram-se meses, meu irmão já tinha transferência para retornar para sul, mas acabei retornando antes para Alegrete e concluí o 3º ano do 2º grau na Escola Oswaldo Aranha, em Alegrete. Em 1984, fiz vestibular para a faculdade de Economia em Alegrete, na metade, parei por falta de dinheiro e por problemas pessoais, só retornei aos estudos em 1995, no curso de informática na Urcamp, em nossa cidade.
Era um curso muito caro e, quando perdi meu emprego, tinha tudo para deixar os estudos, mas então consegui um emprego de vendedor de cachorro-quente nem frente ao Museu da Urcamp, onde fiquei até o dia em que surgiu um estágio na escola Agrotécnica. Havia uma vaga, fiz a entrevista e fui aprovado para iniciar já no outro dia como estagiário de informática.
Na escola, tive a oportunidade de trabalhar nas coordenações de ensino, junto com os professores no auxílio de suas atividades com os alunos, contribuí com várias coordenações de cursos, é onde surge a afinidade com a área de educação, pois como estagiário, como instrutor de informática no laboratório de Informática, depois do término de dois anos de estágio, retornei para auxiliar alguns professores na elaboração do projeto Proep.
No fim do curso de informática, o meu tema para defesa foi realizar um projeto junto a uma instituição/escola de apoio a pessoas com necessidades especiais -APAE de Alegrete e, no andamento da realização do trabalho, tive um desafio, segundo uma professora e coordenadora do curso, o projeto que eu havia escolhido era muito completo e, pelo curto espaço de tempo, eu não iria conseguir terminá-lo. Isso me deu mais certeza de minha escolha, trabalhei na escola APAE todas as tarde, no levantamento dos dados para o sistema de acompanhamento médico dos alunos da APAE.
Fiquei muito motivado para terminar meu trabalho, pois vendo aquela gente fazendo um esforço enorme, vendo a sua persistência em viver, fiquei muito motivado para tudo que realizo em minha vida.
Vem a minha memória o dia em que realizei minha defesa de conclusão do curso de informática, pois tinha tudo para desistir do curso, naquela noite, os anjos da guarda estavam de folga, onde estava instalado meu sistema, a máquina “deu pau”, naquela hora, foi a mesma coisa que retirar o chão dos meus pés, entrei em pânico e a adrenalina foi a mil, lá no fim das apresentações dos colegas, finalmente, pude fazer a apresentação, tudo começou a funcionar com ajuda de um colega, conseguimos retirar o sistema e colocar em outra máquina que tinha os programas necessários para rodá-lo, realizei a defesa e, para minha supressa, tive a nota mais alta dos projetos (9,4), o que me deixou muito feliz.
No dia seguinte, já formado, em 2002, iniciei uma nova caminhada no mercado de trabalho, montamos uma empresa de desenvolvimento de sistema e suporte, com mais dois colegas e, no ano de 2004, participei do concurso para professor substituto para curso de informática da Escola Agrotécnica Federal de Alegrete.
Já como aprendiz de professor, lembro o meu primeiro dia de aula, com os alunos adultos da noite, não foi fácil enfrentar e ver a ansiedade em apreender, eu era o ator principal do teatro educacional, pois preparei uma boa aula e, com o passar dos minutos, fui ficando mais seguro, terminei a aula satisfeito, e os alunos também.
Estes dois anos que convivi dentro da escola foram muito gratificantes, participei e ajudei na construção de inúmeros projetos de melhoria, fizemos muitas viagens de estudos com os alunos, tanto é que, em 2006, realizei novamente o concurso e entrei na escola para dar aulas no Curso de Informática, atualmente estou com oito turmas do curso técnico agrícola, uma turma do curso de informática, uma do subsequencial e duas turmas do Proeja Informática, em uma parceria com a Escola Estadual Tancredo Neves.
No ano passado, fui convidado a participar da 3ª Semana Tecnológica dos Cursos da Escola, com o trabalho de Reciclagem de Peças de Computadores, pois montei, junto com os alunos da turma 10, uma oficina de reciclagem para montar robôs de competição, foi mais uma experiência muito gratificante e minha surpresa maior foi em casa, ao assistir ao Jornal do Almoço, quando vi a reportagem daquela apresentação feita no seminário da escola.
Relembrando esta cruzada em minha vida, acredito que ser professor tem vários atributos, como doação, dedicação, ser amigo, irmão, companheiro daqueles querem aprender e por que não, aprender com aqueles que querem ensinar.
Ser professor é abrir o coração para as dificuldades, é exigir e lutar também por dignidade, por melhores salários, por uma educação mais justa e fraterna. Ser professor é amar, é compartilhar o que aprendeu com os que foram e que ainda são professores, é plantar a sementinha da esperança e da justiça na mente e no coração de cada aluno.
Ser professor é simples e orgulhosamente "ser" professor, é cumprir sua função primordial para a sociedade que a criou e mantém: ensinar. Para ser professor é preciso muito mais do que o diploma recebido após os quatro ou cinco anos de ensino superior.
É indispensável sempre e diariamente ler, aprender, re-aprender, reler, reestruturar o processo pedagógico, reescrever, preparar aula, ler, estudar e continuar estudando.
Muitas vezes, apesar da interferência dos pais no processo pedagógico, os professores contentam-se em ver o crescimento de seus alunos, esquecendo-se de mostrar aos mesmos pais, aos colegas e demais pessoas da comunidade, os bons trabalhos que desenvolve em sala de aula com os alunos.
O professor que não está aberto para valorização da sua própria profissão de ser professor, que nega a si mesmo, mesmo que seja por não corresponder aos seus ideais de como deve ser um professor, será impotente para recriar-se. O que faz a diferença entre um bom professor e um excelente professor não está nos cursos feitos. Não aparece nas teses defendidas nem nas pesquisas feitas.
Independe dos anos de profissão. É a paixão pelo lecionar, por estar ali todos os dias. É algo que contagia os estudantes e que não pode ser fingido e tampouco esquecido por nós, pois antes ser professor, experimentamos ser estudante e criança.
Lembro a minha infância, mesmo antes de entrar para escola, quando fazia meus desenhos e ensaiava algumas letras nas paredes de casa, na calçada, tudo era novidade e logo saía mostrando para minha mãe que, à tardinha, chegava de seu trabalho. Além de mãe, era professora na Escola Marquês do Alegrete, de 1ª a 5ª séries, onde mais tarde eu aprendi a ler e a escrever as primeiras palavras com a minha querida professora, Dona Francisca. Agora escrevendo, fico lembrando de minha mãe, professora desta escola e dos demais professores(as).
Para mim, tudo começa aqui, já na minha vida de estudante, sempre fui à escola, era um aluno “normal”, as matérias que gostava de estudar, eu estudava mais e com mais motivação do que as demais, as outras, eu deixava para estudar nas últimas horas, no limite. Sempre gostei da leitura de livros e de revistas técnicas (agropecuárias), pois sempre passava as férias na estância onde meu tio Ari trabalhava, também sempre gostei de esporte e participava muito na escola, foi por este motivo que vim estudar aqui na Escola Agrícola, no ano de 1977.
Neste momento de minha vida, eu perdi uma grande oportunidade profissional. Hoje eu seria servidor da escola, mas como guri não sabe bem o que quer na vida, na época, fui acompanhar um irmão que havia passado no concurso do Banco do Brasil, na cidade de Altamira, no interior do Pará, lá percorria uns sete quilômetros na Transamazônica, à noite, para continuar estudando.
Passaram-se meses, meu irmão já tinha transferência para retornar para sul, mas acabei retornando antes para Alegrete e concluí o 3º ano do 2º grau na Escola Oswaldo Aranha, em Alegrete. Em 1984, fiz vestibular para a faculdade de Economia em Alegrete, na metade, parei por falta de dinheiro e por problemas pessoais, só retornei aos estudos em 1995, no curso de informática na Urcamp, em nossa cidade.
Era um curso muito caro e, quando perdi meu emprego, tinha tudo para deixar os estudos, mas então consegui um emprego de vendedor de cachorro-quente nem frente ao Museu da Urcamp, onde fiquei até o dia em que surgiu um estágio na escola Agrotécnica. Havia uma vaga, fiz a entrevista e fui aprovado para iniciar já no outro dia como estagiário de informática.
Na escola, tive a oportunidade de trabalhar nas coordenações de ensino, junto com os professores no auxílio de suas atividades com os alunos, contribuí com várias coordenações de cursos, é onde surge a afinidade com a área de educação, pois como estagiário, como instrutor de informática no laboratório de Informática, depois do término de dois anos de estágio, retornei para auxiliar alguns professores na elaboração do projeto Proep.
No fim do curso de informática, o meu tema para defesa foi realizar um projeto junto a uma instituição/escola de apoio a pessoas com necessidades especiais -APAE de Alegrete e, no andamento da realização do trabalho, tive um desafio, segundo uma professora e coordenadora do curso, o projeto que eu havia escolhido era muito completo e, pelo curto espaço de tempo, eu não iria conseguir terminá-lo. Isso me deu mais certeza de minha escolha, trabalhei na escola APAE todas as tarde, no levantamento dos dados para o sistema de acompanhamento médico dos alunos da APAE.
Fiquei muito motivado para terminar meu trabalho, pois vendo aquela gente fazendo um esforço enorme, vendo a sua persistência em viver, fiquei muito motivado para tudo que realizo em minha vida.
Vem a minha memória o dia em que realizei minha defesa de conclusão do curso de informática, pois tinha tudo para desistir do curso, naquela noite, os anjos da guarda estavam de folga, onde estava instalado meu sistema, a máquina “deu pau”, naquela hora, foi a mesma coisa que retirar o chão dos meus pés, entrei em pânico e a adrenalina foi a mil, lá no fim das apresentações dos colegas, finalmente, pude fazer a apresentação, tudo começou a funcionar com ajuda de um colega, conseguimos retirar o sistema e colocar em outra máquina que tinha os programas necessários para rodá-lo, realizei a defesa e, para minha supressa, tive a nota mais alta dos projetos (9,4), o que me deixou muito feliz.
No dia seguinte, já formado, em 2002, iniciei uma nova caminhada no mercado de trabalho, montamos uma empresa de desenvolvimento de sistema e suporte, com mais dois colegas e, no ano de 2004, participei do concurso para professor substituto para curso de informática da Escola Agrotécnica Federal de Alegrete.
Já como aprendiz de professor, lembro o meu primeiro dia de aula, com os alunos adultos da noite, não foi fácil enfrentar e ver a ansiedade em apreender, eu era o ator principal do teatro educacional, pois preparei uma boa aula e, com o passar dos minutos, fui ficando mais seguro, terminei a aula satisfeito, e os alunos também.
Estes dois anos que convivi dentro da escola foram muito gratificantes, participei e ajudei na construção de inúmeros projetos de melhoria, fizemos muitas viagens de estudos com os alunos, tanto é que, em 2006, realizei novamente o concurso e entrei na escola para dar aulas no Curso de Informática, atualmente estou com oito turmas do curso técnico agrícola, uma turma do curso de informática, uma do subsequencial e duas turmas do Proeja Informática, em uma parceria com a Escola Estadual Tancredo Neves.
No ano passado, fui convidado a participar da 3ª Semana Tecnológica dos Cursos da Escola, com o trabalho de Reciclagem de Peças de Computadores, pois montei, junto com os alunos da turma 10, uma oficina de reciclagem para montar robôs de competição, foi mais uma experiência muito gratificante e minha surpresa maior foi em casa, ao assistir ao Jornal do Almoço, quando vi a reportagem daquela apresentação feita no seminário da escola.
Relembrando esta cruzada em minha vida, acredito que ser professor tem vários atributos, como doação, dedicação, ser amigo, irmão, companheiro daqueles querem aprender e por que não, aprender com aqueles que querem ensinar.
Ser professor é abrir o coração para as dificuldades, é exigir e lutar também por dignidade, por melhores salários, por uma educação mais justa e fraterna. Ser professor é amar, é compartilhar o que aprendeu com os que foram e que ainda são professores, é plantar a sementinha da esperança e da justiça na mente e no coração de cada aluno.
Ser professor é simples e orgulhosamente "ser" professor, é cumprir sua função primordial para a sociedade que a criou e mantém: ensinar. Para ser professor é preciso muito mais do que o diploma recebido após os quatro ou cinco anos de ensino superior.
É indispensável sempre e diariamente ler, aprender, re-aprender, reler, reestruturar o processo pedagógico, reescrever, preparar aula, ler, estudar e continuar estudando.
Muitas vezes, apesar da interferência dos pais no processo pedagógico, os professores contentam-se em ver o crescimento de seus alunos, esquecendo-se de mostrar aos mesmos pais, aos colegas e demais pessoas da comunidade, os bons trabalhos que desenvolve em sala de aula com os alunos.
O professor que não está aberto para valorização da sua própria profissão de ser professor, que nega a si mesmo, mesmo que seja por não corresponder aos seus ideais de como deve ser um professor, será impotente para recriar-se. O que faz a diferença entre um bom professor e um excelente professor não está nos cursos feitos. Não aparece nas teses defendidas nem nas pesquisas feitas.
Independe dos anos de profissão. É a paixão pelo lecionar, por estar ali todos os dias. É algo que contagia os estudantes e que não pode ser fingido e tampouco esquecido por nós, pois antes ser professor, experimentamos ser estudante e criança.
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